sábado, 14 de setembro de 2013

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Os desafios, as conquistas e o reconhecimento das relações homoafetivas entre pessoas da terceira idade

No mesmo dia em que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou a resolução da celebração do casamento civil entre as pessoas do mesmo sexo, o encontro foi propício para refletir sobre a homossexualidade na velhice. Com a resolução do CNJ, o Brasil tornou-se o 3° país da América do Sul e o 15° do mundo a permitir o “casamento igualitário”, possibilitados à luz dos princípios da democracia no país e, sobretudo, do respeito aos princípios da dignidade humana.


“Estamos vivendo a história”, foi assim que Patrícia Gorisch, pesquisadora em direitos humanos LGBT (Lésbicas, Gay, Bissexuais, Travestis e Transexuais), advogada e militante pelos direitos homoafetivos, expressou toda a sua alegria em vivenciar mais este marco de conquistas de direitos iguais aos da maioria, com o casamento e a formação de família homoafetiva. Apesar da euforia, a convidada explanou que ainda há muita invisibilidade, discriminação e grande violência homofóbica. Externou, com isso, toda a sua preocupação sobre esse assunto, que acaba repercutindo na saúde dessas pessoas.
A convidada começou o bate-papo explicando que a homossexualidade não é uma opção sexual. “Não se acorda de manhã e se faz a opção em ser hetero, homo, bi ou trans.  Simplesmente a gente acorda e se descobre apaixonada por alguém do mesmo sexo ou do sexo oposto, por isso que se diz orientação sexual, para onde vou orientar o meu desejo, o meu amor, mas não por opção. Se fosse por isso, as pessoas não escolheriam ser homossexual pela discriminação e pelo preconceito sofrido na sociedade”.
Sobre a questão do envelhecimento e da homossexualidade, ela discorreu que no Brasil existem poucos estudos e pouca atenção sobre esses dois temas conjugados. Nesse sentindo, ela coloca que, na atualidade, é necessário refletir sobre o idoso e sobre o idoso gay. Quem são os idosos e quem são os idosos gays e como eles vivem? E o idoso gay e pobre; o idoso gay, pobre e afrodescendente; o idoso gay, pobre, afrodescendente e nordestino, à margem da sociedade, solitário, abandonado? Quem acolhe, atende e protege? Quem irá cuidar deles hoje, já que a maioria não tem filhos? Os “asilos” estão preparados para receber esta minoria diferenciada? É preciso parar para pensar sobre estas questões, continua.
Os 30 anos de lutas LGBT ressaltam a necessidade de as pessoas continuarem o debate sobre  a dignidade e a condição humana dos grupos minoritários; é preciso haver mais oportunidades de visibilidade desses temas, nos espaços sociais, como a que ocorreu no Sesc.
Patrícia, ainda adverte que os serviços disponibilizados, como os de saúde, não estão preparados para atender os grupos minoritários que têm necessidades específicas e diferenciadas no atendimento. “As políticas públicas são quase inexistentes, apesar de São Paulo contar com um programa para a diversidade sexual”. Para ela, um dos impedimentos para o avanço da conquista de direitos é a religião, que faz muitos políticos ignorarem que o Estado é laico.
Concordando com as palavras de Patrícia, João Nery, o primeiro transexual masculino a ser operado no Brasil, discorreu amplamente sobre os aspectos da sexualidade humana e sobre a sua identidade de gênero. Ele desnaturaliza o tema da homossexualidade e da velhice e as coloca também como construções socioculturais.
De maneira geral, a sexualidade humana é formada pelo sexo, pela orientação sexual e pelo gênero. O sexo é o aspecto biológico da identidade sexual determinado pelas características físicas que diferenciam homens e mulheres, como os órgãos reprodutores e as características físicas, como barba e seios. A orientação sexual é a atração afetivo-sexual que direciona a sua preferência. O gênero é a construção social que determina os valores e os hábitos de acordo com sexo biológico das pessoas. A forma como as pessoas se percebem no gênero masculino ou feminino é a identidade de gênero, independentemente do corpo biológico masculino ou feminino que habitam.

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